A importância da Infância na Formação do Homem II
Educação é uma parte da socialização geral, ou seja, aquele setor de interações conscientes e socialmente regulamentadas, nas quais o jovem, no seu processo de desenvolvimento, é qualificado a aprender maneiras culturais de uma sociedade e prosseguir no seu desenvolvimento, e neste processo de qualificação tornar-se uma pessoa independente e responsável.
A solidariedade, sociabilidade, atitudes sociais coerentes, auto afirmação, valorização da verdade, etc., adquiridas durante a infância são valores integralizados na personalidade do homem.
O amor é uma cidade, ou cresce e desenvolve, ou se desintegra e desaparece. A criança tem de ter segurança. A falta desse amor na infância, sabemos das conseqüências absurdas que existem em nosso mundo.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família (CF/88, art. 205), reclama atenção especial dos pais, pois estes tem o dever de assistir, criar e educar os filhos menores de idade (CF/88, art. 229).
Assim, a criança para o pleno e harmonioso desenvolvimento de sua personalidade, deve crescer no seio da família, em ambiente de felicidade, amor e compreensão. A importância da família “como elemento básico da sociedade e o meio natural para o crescimento e o bem estar de todos os seus membros e, em particular, das crianças”, e a conseqüente necessidade de oferecer a família “a proteção e assistências necessárias para que ela possa assumir plenamente suas responsabilidades dentro da comunidade”. O tema da relação triangular Estado-Criança-Família, ocupa um lugar de grande importância em nosso contexto social.
Portanto, criar é também educar. Educar em sentido amplo, no propósito de transmitir e possibilitar conhecimentos, despertando valores e habilitando o filho para enfrentar os desafios do dia a dia.
Este ofertar de um processo educativo na infância para a formação do homem, que é dever dos pais, encontra limite nas condições de seu oferecimento, que devem-se pautar pelo respeito à liberdade e dignidade da criança e do adolescente (ECA, art. 3º, parte final).
O homem por si só é um ser carente de afeto, de respeito, de dignidade, de atenção. Ele, inconscientemente, desconhece que estes valores estão intrínsecos no seu ser, e que a falta destes lhe coloca numa situação de carência afetiva muito grande, levando-o ao desespero, a incompreensão, a incompetência e por que não dizer ao descaso social?
Por isso, verifica-se que todo ser humano quando é bem acompanhado, educado e orientado na infância, tende a crescer com mais segurança, com determinação, consciente do que quer e do que pretende alcançar, pelo fato de ter sido preparado para enfrentar a vida de cabeça erguida, sem medos, sem perseguições, como criança, viveu sua adolescência e assumiu sua posição na sociedade como homem adulto, onde sua condição de cidadão é reconhecida e respeitada.
A educação, como direito e bem fundamental da vida, é um dos atributos da própria cidadania, fazendo parte de sua própria essência.
Garantidas a vida e a saúde de uma pessoa, a educação representa o bem mais valioso da existência humana, porquanto confere a possibilidade de influir para que os demais direitos se materializem e prevaleçam. Somente reivindica aquele que conhece, que tem informação, saber, instrução, e, portanto, cria e domina meios capazes de levar transformações à sua própria vida e história. Se a ignorância é a principal arma dos exploradores, a educação é o instrumento para a transposição da marginalidade para a cidadania, única medida do desenvolvimento de um povo.
E a criança é como uma planta, precisa ser regada constantemente. Precisa ser orientada, encaminhada para o amanhã. Na verdade é na infância que se faz o trabalho de base de um ser humano. Daí a importância fundamental da infância de cada um, diante de um mundo revertido de valores em que se vive.
Margarida Simplicio